Couro, Couro Sintético e Couro Ecológico
Vegetarianismo

Couro, Couro Sintético e Couro Ecológico




Como todos sabem, o couro é a pele de um animal tratada quimicamente. Apesar de ser um material forte e resistente há questões éticas e ambientais envolvidas no uso do couro, como a matança de animais e a poluição causada pelos resíduos químicos usados para tratar o couro (muitas vezes eles são nocivos ao meio ambiente).

Antigamente o couro tinha como finalidade proteger contra o frio. Hoje o couro legítimo é tido como uma matéria prima de boa qualidade, durabilidade e por isso, é considerado um produto nobre. As pessoas compram produtos feitos de couro por um motivo "nobre", por acreditarem indubitavelmente serem de melhor qualidade. Além de tudo, muitas pessoas pensam que se o animal foi morto de qualquer forma para que sua carne fosse consumida, que seu couro também fosse aproveitado.

No entanto, cerca de 20% do preço de um bovino se deve ao couro. Ou seja, apesar de ser considerado um subproduto, o couro rende bastante aos pecuaristas. Não adianta dizer "ah, mas isso é subproduto daquilo, então vou comprar". Se for assim, vegetarianos poderiam comprar salsicha e mortadela, que são subprodutos da indústria da carne. Ninguém mata o boi pra pegar os testículos, o cérebro e os ossos. Isso é o resto, o subproduto. O objetivo ao se matar um boi é pegar a picanha, o filé mignon... salsicha é subproduto, então não há problema em comer? Picanha maturada custa R$50/kg (ou mais), salsicha de miúdos custa, sei lá, R$3,50/kg. Se o produto principal não justifica, o subproduto também não.

A cada vez que damos dinheiro a pecuaristas e pessoas que lucram explorando animais, estamos incentivando e patrocinando esse ciclo de que animais devem ser considerados matéria-prima. O problema está em relacionar um animal senciente a um produto. Produtos de origem animal são anti-éticos e não há salvação quanto a isso. Se não usamos cadáveres de pessoas e cães alegando argumentos de sustentabilidade ("já que vai pro lixo mesmo...", por que usar o couro de outros animais deveria ser correto?

Pense que a carne pode ser subproduto do couro! Há um documentário produzido pela PETA sobre bovinos na Índia sendo criados especialmente para virarem couro de grifes famosas. Esses bovinos eram muito maltratados porque não podiam ter nenhum arranhãozinho para não atrapalhar o couro, por isso ficavam confinados durante TODA uma vida. É ilusão achar que todos na Índia respeitam as vacas. Também pudera, tem marca que cobra US$2000 dólares por uma bolsa! Não existe picanha que seja mais lucrativa que essas bolsas e sapatos de grife. Mesmo as marcas brasileiras, algumas vendem sapatos acima de 500 reais. Se colocarmos na balança, produzir sapatos pode ser mais lucrativo que carne, então quem é subproduto de quem? Recomendo a leitura: http://www.theguardian.com/lifeandstyle/2008/aug/27/ethicalfashion.leather

Quanto à questão ambiental, o processo de fabricação do couro consiste em transformar peles descartadas pelos frigoríficos em “tecido” para roupas, móveis e outros itens. Neste processo, toneladas de litros de agentes químicos e corrosivos são utilizados - são mais de 90 produtos usados na indústria do couro (como o Cromo III) e, quase sempre, vão parar no meio ambiente sem qualquer cuidado com o descarte, muitas vezes depositado em aterros sanitários, esse material com potencial tóxico se decompõe e contamina o meio ambiente. Tem muito curtume descumprindo as regras e lançando os restos tóxicos diretamente no curso d’água. Isso sem o contar impacto ambiental, a cadeia produtiva como um todo, e não apenas o produto final. Tem que colocar na balança o combustível do transporte, as florestas desmatadas para pasto, a quantidade de água potável usada e a poluição toda gerada durante o processo.

Como o couro sintético evoluiu muito ao longo dos últimos anos, ele praticamente perdeu aquela característica de material de plástico, como era no passado. Quando se fala em sintético ainda existem consumidores que tem ideia de que é um material de plástico e pouco resistente. Felizmente o avanço da tecnologia proporcionou o desenvolvimento de materiais alternativos equivalentes ao couro natural bovino, possuindo em alguns deles, vantagens em relação ao couro. Não tem mais essa de que couro sintético é necessariamente sinônimo de porcaria. 

Dentre os materiais alternativos, o couro sintético pode ser feito de:

- O polietileno tereftalato, conhecido pela sigla PET, é uma resina de polímero termoplástico da família do poliéster e é usado em fibras artificiais. Como é um produto que pode ser reciclado mais de uma vez é, sem dúvida, uma opção mais ecológica do que o couro. O poliéster é usado em vários produtos como roupa de cama, almofadas, tapetes, entre outros.

- O poliuretano, com a sigla PU, tem sido amplamente usado em bolsas, jaquetas, sapatos, tênis etc por seu custo ser baixo. Oferece melhor aparência nas texturas (mais semelhante ao couro natural) e excelente qualidade. São muito resistentes ao ressecamento mantendo-se macio e agradável por muito tempo. São mais fáceis de serem tingidas. O descarte no ambiente pode ser prejudicial à natureza.

- Látex, um tipo de couro vegetal obtido através do látex da Amazônia. Ele começou a ser produzido a partir de projetos sociais de sustentabilidade. Começaram então a produzir pastas, bolsas e sapatos a partir desse material que se parece com o couro e possui ótima qualidade.

- PVC, Nylon etc.

O termo "couro ecológico" é usado muitas vezes erroneamente. A diferença entre o couro ecológico e o couro bovino, está no processo de curtimento: em vez de se usar metais pesados, em especial o cromo, para o couro ecológico são utilizadas substâncias alternativas, como os taninos vegetais. Portanto, o couro ecológico é um couro animal cujo curtimento é isento de aditivos poluentes ao meio ambiente e nocivos ao ser humano. Por conta disso, seu custo, como é de se imaginar, é maior do que o couro tradicional e não deixa de ser anti-ético.

Sim, a indústria de polímeros também é poluente. Couro sintético feito de polímeros não é o mocinho do ponto de vista ambiental, mas é o mocinho do ponto de vista ético. Em relação às questões ambientais, nós não sabemos ainda a real dimensão dos estragos que cada um causa, por isso é difícil fazer uma comparação quantitativa. De qualquer forma, quando a ética entra em conflito com questões ambientais, a ética prevalece. Se não matamos idosos ou cães de rua, não o fazemos unicamente por questões éticas. O correto, do ponto de vista ambiental, seria matá-los, já que gastam muitos recursos e não deixam de poluir.

Quanto ao couro de peixe, a ciência nos mostra que os peixes são tão sensíveis e inteligentes como mamíferos. Peixes sentem dor e a pesca comercial tem ainda menos proteção do bem estar do que o abate de mamíferos. Eles são asfixiados muito lentamente e alguns pescadores ainda podem utilizar carne de botos ou outros animais como isca. Os peixes têm fortes conexões sociais e possuem vínculo com seus semelhantes. Para alguns, esse tipo de couro pode servir como uma intenção de encontrar alternativas para a indústria que é altamente prejudicial ao meio ambiente. Penso que deveríamos tentar modificar nossas atitudes rumo à uma sociedade cujo consumo e desejos não tem prioridade sobre o bem-estar e o direito dos animais.

Dessa forma, a dica para quem deseja consumir produtos sem couro é: leia sempre as etiquetas que constam a composição, mande e-mails aos SACs das empresas e questione a procedência do material. Dificilmente teremos certeza de que um material é totalmente sintético só de olhar ou perguntando para o vendedor, que geralmente não sabe responder.

Obs: Em inglês alguns dos termos usados para designar material sintético são: "All man made materials", Synthetic, PU, Faux Leather, Fake Leather etc.


Cito abaixo algumas marcas brasileiras que trabalham apenas com material sintético, ou seja, não utilizam couro de animal em seus produtos:


- Azaleia (sapatos)

- Ahimsa (calçados, bolsas e carteiras)

- Bebecê (sapatos)

- Beira Rio (sapatos) 

- Betty Boop (bolsas)

- Canna (bolsas e acessórios)

- Chenson (bolsas)

- Crysalis (sapatos)

- Di Cristalli (sapatos)

- Eco Vegan's (bolsas e sapatos)

- Firezzi (sapatos)

- Insecta (calçados)

- Ibizza (sapatos)

- King55 (roupas, cintos bolsas e sapatos)

- La Loba (bolsas)

- Luciana Gimenez (sapatos e bolsas)

- Melissa (sapatos) -
atualização: apesar de não usar couro, pertence à Grendene, empresa de pecuaristas.

- Miucha (sapatos)

- Moleca (sapatos)

- Natureza (bolsas e sapatos)

- Nômade (somente as linhas Titã, Azimut Pro e X-Pro de botas)

- Petite Jolie (sapatos)

- Picadilly (sapatos)

- Pucca (bolsas)

- Puro no Brasil (bolsas e calçados)

- Queens (bolsas)

- Santi Martin (bolsas e acessórios)

- Será o Benedito (bolsas, sapatos e acessórios)

- Vegano Shoes (calçados e acessórios femininos e masculinos) 

- Vizzano (sapatos)



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