Vegetarianismo
O anti-vegano e as mentiras
Em homenagem ao dia 1º de abril, farei um post dedicado aos reis da mentira: os anti-veganos.
Antes de definir o que são os anti-veganos, é importante notar que existem dois tipos de pessoas que costumam combater o veganismo: o ingênuo e o anti-vegano.
O ingênuo é aquele sujeito que vai levando a vida sem pensar muito nas suas ações, vai fazendo o que todo mundo faz, acha certo o que todo mundo acha certo, acha errado o que todo mundo acha errado, e vai empurrando a vida de acordo com as suas conveniências. Nós crescemos e fazemos parte de uma sociedade obcecada por carne e laticínios, na qual o veganismo ainda não é muito conhecido. Nem todos tem conhecimento do quanto cada refeição contribui para causar danos aos animais e esse texto não é direcionado a essas pessoas. Eventualmente, o ingênuo é levado a pensar sobre direitos dos animais, talvez por ver um programa na TV ou por participar de uma discussão com os amigos, na net, etc. Por ter pensado em veganismo por no máximo 5 minutos na vida, o ingênuo se satisfaz com respostas superficiais e igualmente ingênuas, como "se leões matam, por que eu também não poderia?", "é a cadeia alimentar", "mas e as crianças passando fome? Preocupe-se com elas primeiro!", "Deus fez os animais para nos servir", etc. Percebam que o ingênuo usa sem cerimônia argumentos péssimos como esses apenas por um motivo: é um ingênuo!
Já o anti-vegano (também conhecido por alfacista ou carnista) é aquela pessoa que quando descobre que você é vegano, vegetariano e protetor dos animais, faz de tudo para tentar te mostrar que você é um bobinho ingênuo, sua vida é uma ilusão e todo o seu esforço é em vão, porque para ele as coisas devem continuar do jeito que estão e os veganos são uma pedra no sapato que precisa ser eliminada. Eliminada, humilhada, ridicularizada. O anti-vegano é um reaça de carteirinha, e como todo reaça que se preze, não tem nenhuma vergonha em ser falso, mentiroso, arrogante e cínico.
O anti-vegano não é ingênuo. Ele se informa sobre veganismo, entra em blogs anti-veganos, discute sobre veganismo ativamente, compartilha posts anti-veganos nas redes sociais, posta vídeos anti-veganos no youtube, tenta convencer os amigos e familiares que os veganos não passam de uns iludidos, entram em blogs veganos para trollar etc. O anti-vegano é quase um ativista, só que ao contrário. De ingênuos eles não tem nada.
Caso encontre um vegano bem informado pela frente, o anti-vegano pula de argumento em argumento durante o debate achando que descobriu a roda em cada um deles, passando por questionamentos como cadeia alimentar, proteínas, vida natural, hipocrisia e direitos das alfaces. A cada argumento que você desbanca, ele aparece com mais um "infalível", sem correlação nenhuma com o argumento anterior, e sem a mínima vergonha de ter falado besteira no argumento anterior. O anti-vegano usa a regra do "se colar, colou". Vai soltando argumentos completamente desconectados entre si na tentativa de, quem sabe em algum deles, deixar o vegano sem resposta. Aí ele ri ironicamente, enche o peito com ar de superioridade, e se dá por satisfeito. Dever cumprido. Venceu o vegano.
A quantidade de achismos e argumentos infundados é de dar inveja a mentirosos compulsivos. Eles são capazes de defender absurdos para não darem o braço a torcer. Começam dizendo, por exemplo, que a proteína animal é essencial à saúde humana e os animais precisam morrer para nos servir de alimento. Eles não são nutricionistas e estudiosos no assunto, mas querem te provar que seu veganismo é perigoso a saúde, assim ele pode comer carne até se entupir com a consciência tranquila. Tão logo você prova que a proteína animal não é necessária, de nutricionista ele passa para biólogo e aparece com o argumento da senciência das plantas. Segundo essas pessoas, é claro que as plantas sentem dor e sofrem. Se você come vegetais, causa sofrimento a eles, logo, o coerente é comer animais também, já que o saldo de sofrimento é o mesmo. Além de não existir lógica nessa argumentação, também não existem evidências para o que ele defende. Se nenhum desses argumentos colar, ele imediatamente pula para "sabia que a soja destrói a Amazônia?" ou qualquer outra besteira. O objetivo é vencer o debate.
Como se não bastasse, o anti-vegano, além de PhD em biologia e nutrição, também acha que tem conhecimento em economia e é dotado de clarividência. Ele é capaz de afirmar que o sistema jamais irá mudar, mas caso o número de veganos aumente, os animais continuarão sofrendo e morrendo da mesma forma. Segundo o gênio, o número de animais abatidos continuará o mesmo proporcionalmente, já que os produtores irão preferir jogar a carne no lixo do que produzir menos. Eternamente. Acreditem , eu ouvi essa nesse domingo.... É de doer! Quando todos os argumentos são devidamente refutados, começa o festival de desculpas esfarrapadas e tentativas desesperadas de ganhar a discussão. Olham pro seu sapato, na tentativa de mostrar que é de couro, dizem que sua maquiagem é testada em animais, perguntam sobre as criancinhas que passam fome, falam que Hitler é vegetariano e mais outras afirmações infundadas.
Quando tudo falha, o anti-vegano diz que ética é arbitrária, que não existe certo e errado, o que existe são escolhas pessoais e vem com esse papinho de relativismo moral na tentativa de se justificar (e de te deixar sem resposta, claro). Aí quando você pergunta se o relativismo moral se aplica também a situações como escravidão, pedofilia, machismo e estupro em geral, o anti-vegano diz, sem um pingo de vegonha na cara "sim, não vejo problema em pedofilia. Eu acho errado, eu não faria, mas há sociedades onde isso é aceito e pra mim tudo bem". O anti-vegano não tem nenhum compromisso com lógica, honestidade intelectual, com a verdade. Ele fala a maior das mentiras se for necessário, defende o absurdo dos absurdos, apenas para não dar o braço a torcer e ganhar do vegano no debate.
Isso me frustra profundamente. Os carnistas são capazes de discutir com a calma de um monge budista contra o veganismo, como se o sofrimento dos animais fosse apenas teórico e inventado por veganos, como se o dano causado pela pecuária ao meio ambiente fosse hipotético. Eles riem e debocham quando veganos se emocionam com o sofrimento dos animais. Quando você tem conhecimento e admite que animais sencientes estão sofrendo a todo instante e que isso poderia acabar já, bastando as pessoas se preocuparem o suficiente, é difícil não discutir com veemência e um senso de urgência. E é revoltante ter esse sentimento ridicularizado porque outras pessoas estão apenas interessadas em ganhar uma discussão e satisfazer seus próprios desejos, custe o que custar.
Eu arriscaria dizer que alguns deles possuem um complexo de culpa. Apesar de saberem que são responsáveis por contribuírem para os impactos causados aos animais, ao meio ambiente e à saúde, não querem ser lembrados disso. Não querem e odeiam quando são, por isso nos odeiam tanto.
Eu poderia estender esse texto aos anti-feministas, anti-homossexuais, racistas, religiosos extremistas e reaças em geral, já que a proposta é a mesma. Eles estão no mesmo patamar de evolução. Essas pessoas falarão qualquer coisa para não admitirem que o correto é abrir mão da posição de conforto e privilégios em que vivem, para tentar mudar o mundo pra melhor.
Mudança é geralmente algo desconfortável para a maioria das pessoas. Sair da condição de explorador e abrir mão de certas coisas é ainda mais desconfortável. Para a maioria das pessoas, questionar crenças com as quais você cresceu e as escolhas que você fez durante toda a sua vida é algo muito grande para assumir. Algumas pessoas precisam de certo tempo e, infelizmente, outras pessoas sofreram tanta lavagem cerebral que elas nunca vão estar prontas para te ouvir.
Respostas curtas e diretas aos diversos questionamentos na aba "FAQ Veganismo".
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